quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Capítulo 66

Vitória POV
Eu não sabia o que eles tinham conversado, mas pela expressão de ambos, tudo correu bem. Me sentia aliviada por isso, eu amava aqueles dois homens e ter que escolher entre eles era uma coisa que eu nunca daria conta de fazer. O jantar seguiu tranquilo, minha mãe havia preparado uma comida simples, arroz, batata frita, frango com quiabo e escondidinho de carne seca. Dei a dica do frango com quiabo para o Luan, que amava.
- Uai amor, não vai comer o frango com quiabo que sua mãe fez? – Luan perguntou se sentindo em casa, com seu jeitinho fofo e descontraído. Fiz careta e ele riu. – Não gosta de quiabo né? – Assenti com a cabeça.
- Essa menina sempre deu trabalho pra comer verdura, não é mesmo Rose? – Meu pai agora falava docemente. Ele contou das brigas que tínhamos por eu não comer verduras e legumes, o que fez Luan rir e me dar bronca, dizendo que além de ser bom para saúde, fazia bem pra pele.
- Era só o que me faltava – cruzei os braços – além dos meus pais me amolando por causa de comida, o senhor também vai ficar no meu pé? – Arqueei a sobrancelha.
- Pode ficar mesmo Luan, ela é teimosa como uma porta.
- Mãaaaaaae! – A repreendi e todos riram.
- Pode deixar que eu domo a fera dona Rose. – Luan piscou para mim e todos cairam na risada.
Eu estava feliz porque estava tudo certo entre nós, imaginei um jantar sério, com meu pai bravo e implicando com o Luan, mas o que acontecia era completamente diferente. Eles estavam se dando bem e faziam piada de tudo. Pareciam a vontade, e aquilo fez com que eu ficasse mais a vontade e curtisse aquele momento com as pessoas que mais amo na vida. Depois de comermos a sobremesa – mousse de maracujá – sentamos no sofá e ficamos conversando.
- Dona Rose, seu Marcos, quero fazer um convite a vocês. – Luan disse se ajeitando no sofá e fazendo aquela cara fofa de sempre. – Quero convidá-los para passar o natal comigo e com a minha família em Londrina. – Ele sorriu e meus pais se assustaram com o convite repentino.
Meu pai me olhou e eu fiz cara inocente, como se não soubesse de nada. – Mas já está tão em cima da hora, o natal é terça, já estamos no domingo. Teria que ter me falado antes, precisaríamos olhar as passagens e ver alguma que estivesse em promoção.. – Meu pai foi falando e minha mãe o cutucou que o fez soltar um pequeno grito de dor. Eu coloquei a mão no meu rosto para tampar a vergonha que eu estava sentindo. O Luan faz um convite e meu pai vem falar de promoção de passagem. É demais para mim. Lu pegou minha mão e apertou sorrindo.
- Relaxa sogrão... ops.. Marcos – meu pai riu e não disse nada – eu já pensei em tudo. Podemos ir amanhã pela manhã no meu jatinho, vocês dormem lá em casa. É grande e espaçosa, cabe todo mundo, e se não couber a gente vai pra chácara. – Ele falava animado, como se estivesse saído na frente. Se mostrando o espertão. Eu o olhava e ria do seu jeitinho caipira e humilde que a cada dia me encantava mais.
- É uma ótima ideia! – Por fim resolvi falar, precisava fazer uma pressão, ou então não sairíamos daquele empasse. - Vamos pai.. por favor? – Pedi manhosa. – Nós iríamos ficar em casa mesmo. Vai ser legal.
Meu pai olhou para minha mãe que assentiu, como se desse a permissão que precisávamos para aceitar o convite. – Tudo bem, vocês venceram. Nós vamos!
- Aêeee! – Falei animada e abracei o Luan, e logo que vi que meus pais me encaravam discretamente, mas ainda encaravam, me soltei dos braços de Luan.
- Que horas partimos? – Minha mãe perguntou, também animada.
- Às 10h, pode ser? – Luan falou.
- Está ótimo. – Ela bateu as mãos e chamou meu pai para ir arrumar as malas. – Quer que eu arrume as suas minha filha?
- É..ér.. as minhas já estão prontas, mamãe. – Disse receosa. Fiz uma cara de ‘Não briga comigo!’. Meu pai me olhou e deu um leve sorriso. Os dois despediram de Luan e foram para seu quarto. Eu e Luan namoramos por mais algum tempo ali na sala.
- Não foi tão difícil assim, foi? – Perguntei delicadamente, enquanto passava o dedo pelo rosto do meu anjo. Eu adorava fazer isso, ele sentia um pouco de cócegas e arrepios, fazia caretas e eu me perdia no seu rosto.
- Me sai melhor que o esperado. – Ele sorria.
- Agora me conta, o que o papai disse pra você. – Disparei curiosa.
- Conversa de homens pequena. – Selou nossos lábios e eu franzi o cenho.
- Vai mesmo me deixar curiosa? – Fiz manha.
- Ele apoia o nosso namoro, isso é o que importa. – Falou por fim e iniciamos um beijo calmo e apaixonado. – Agora é melhor eu ir embora. Se continuarmos assim, não me responsabilizo pelos meus atos. – Falou baixo e eu ri.
- Fica mais um pouco. – Pedi mordendo seu lábio inferior, o fazendo soltar um gemido baixo.
- Amanhã matamos a nossa saudade pequena. – Ele disse após mais um beijo quente. – Busco vocês às 9h30, tudo bem? – Assenti e nos beijamos pela última vez aquela noite.
- Eu amo você! – Falei e soltei um beijo no ar.
- Eu também amo você, Vitória! – Ele piscou para mim e entrou no elevador. Apenas mais algumas horas Vitória. Algumas horas! Repetia para mim mesma, não me aguentando de saudade. Estava ansiosa para matar a vontade de tê-lo pra mim, só meu.

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